sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Blogs como ferramenta pedagógica

Professores e alunos já usam todos os atrativos dos diários online para criar uma rede de ensino e comunicação.
Os blogs estão se profissionalizando e deixando de ser apenas "diário virtual adolescente" para
virar palco de discussões e fonte de informações para muitos setores. No mundo corporativo, vários executivos têm seus próprios blogs, assim como jornalistas renomados também mantêm um canal próprio de informação e discussão. E esta febre começa a contagiar professores e educadores, que já vêem nos blogs uma alternativa para comunicação na educação e um excelente meio para oferecer uma formação descentralizada.
De acordo com educadores, não há limite para a utilização dos blogs na escola. Primeiro, pela facilidade de publicação, que não exige nenhum tipo de conhecimento tecnológico dos usuários, e segundo, pelo grande atrativo que estas páginas exercem sobre os jovens. "É preciso apenas que os professores se apropriem dessa linguagem e explorem com seus alunos as várias possibilidades deste novo ambiente de aprendizagem. O professor não pode ficar fora desse contexto, deste mundo virtual que seus alunos dominam. Mas cabe a ele direcionar suas aulas, aproveitando o que a internet pode oferecer de melhor", afirma a educadora Gládis Leal dos Santos,
Desde o debate de temas atuais até a divulgação de projetos escolares: em todas as disciplinas é possível utilizar o blog como ferramenta pedagógica. Segundo Gládis, vários professores já utilizam esta ferramenta com excelentes resultados. Há diferentes tipos de blogs educacionais: produção de textos, narrativas, poemas, análise de obras literárias, opinião sobre atualidades, relatórios de visitas e excursões de estudos, publicação de fotos, desenhos e vídeos produzidos por alunos.
Para Suzana Gutierrez, pesquisadora do Núcleo de Estudos, Experiências e Pesquisas em Trabalho, Movimentos Sociais e Educação (TRAMSE), da UFRS, o interessante é que os blogs permitem que os participantes produzam textos e exerçam o pensamento crítico, retomando e reinterpretando conceitos e práticas. "Os weblogs abrem espaço para a consolidação de novos papéis para alunos e professores no processo de ensino-aprendizagem, com uma atuação menos diretiva destes e mais participante de todos." Ela lembra que os blogs registram a concepção do projeto e os detalhes de todas as suas fases, o que incentiva e facilita os trabalhos interdisciplinares e transdisciplinares. "Pode-se assim, dar alternativas interativas e suporte a projetos que envolvam a escola e até famílias e comunidade".
A educadora Sônia Bertocchi concorda que os blogs têm potencial para reinventar o trabalho pedagógico e envolver muito mais os alunos. "Há aqui um grande poder de comunicação e os alunos passam a ser escritores, leitores e pensadores." Para ela, que já trabalhou com blogs na formação de professores, os diários eletrônicos são um excelente recurso para desenvolver trabalhos em equipe, discutir e elaborar projetos. Além disso, servem como espaço para anotações de aula e discussão de textos. "Os blogs ajudam a construir redes sociais e redes de saberes, mas é a criatividade, de professores e alunos, que vai determinar a otimização da ferramenta".
Passo a passo
Gládis estuda há algum tempo todas as possibilidades dos blogs, mas só no começo deste ano é que iniciou um blog para uso didático na escola municipal
CAIC Professor Mariano Costa, em Joinville (SC), onde é Coordenadora de Informática Educacional. O objetivo era iniciar uma discussão com os professores sobre seu papel frente às novas tecnologias e apresentar o blog como ferramenta educacional. "Para a grande maioria, este foi o primeiro contato com um blog. Alguns já conheciam por meio de seus filhos, mas nunca haviam postado comentários e muito menos pensado em utilizar este recurso em suas aulas".
Ela lembra que este foi um exercício muito interessante. Este blog continua em uso para a divulgação de projetos da escola e, também, funciona como um ponta-pé inicial para outros blogs, como o
Acelera2005, destinado aos alunos das classes de Aceleração. "O objetivo principal é trabalhar a auto-estima destes alunos, muitos deles desinteressados ou agressivos por conta de repetições".
Formada em Letras, com especialização em Língua Portuguesa, a professora também coordena o
Palavra Aberta, dirigido à publicar textos e idéias de alunos de sétima e oitava séries de todas as partes do País. O projeto é divulgado em listas de discussão e pelo Orkut e já recebeu contatos de alunos de cidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Há ainda o Oficina de Educação, que reúne links educacionais e pretende ser uma fonte de pesquisa para professores que desejam usar a internet com seus alunos.
A participação em um chat sobre blogs educacionais selou a amizade virtual entre Gládis e a professora gaúcha Marli Fiorentin. E elas criaram o
Trocando Letras, espaço para narrar descobertas no mundo dos blogs e trocar idéias sobre o trabalho com os alunos.
Projeto de mestrado
Suzana Gutierrez atua com blogs desde 2002. Começou em um projeto com alunos da faculdade em que trabalhava e incluiu o assunto em sua dissertação de mestrado. A partir daí, se envolveu em vários projetos, como o
Relendo Clássicos, blog colaborativo de uma disciplina do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRGS; o Prática Educativa em Medicina, blog colaborativo da disciplina de mesmo nome da Faculdade de Medicina da UFRGS; o InTramse, com notícias do Núcleo de Estudos e Experiências em Trabalho, Movimentos Sociais, Saúde e Educação (TRAMSE) da UFRGS; e o Argumento, blog-revista do TRAMSE/UFRGS.
Hoje, Suzana dedica parte de seu tempo ao
Vamos Blogar?, que aborda temas relativos à educação, tecnologias da informação e da comunicação, projetos pedagógicos etc. O Vamos Blogar? surgiu em 2003 como apoio à uma oficina sobre blogs realizada na Faculdade de Educação da UFRGS. Agora ele é aberto, colaborativo e já se tornou um projeto internacional, pois tem entre seus contribuintes profissionais da Espanha, Portugal, Uruguai e Argentina.
Estatísticas:15,5 milhões é o total de blogs do mundo1 blog é criado a cada segundo30% da população online dos EUA visitam blogsEm junho foram criados 80 mil blogs por diaBlogs com conteúdo político, estilo de vida, tecnologia e escritos por mulheres são os mais acessados.
Reflexão coletiva
A educadora Sônia Bertocchi, mantém o blog Lousa Digital desde abril de 2005. Segundo ela, o blog é um espaço para reflexão coletiva sobre o uso pedagógico da internet. Apesar de ser colaboradora do portal de educação EducaRede, onde publica seus textos, Sônia sentiu a necessidade de um espaço com informações diárias. "Queria trocar figurinhas com educadores de uma maneira mais pessoal", conta.
O Lousa Digital tem um público formado por pessoas interessadas em educação e, especialmente, na incorporação de novas tecnologias da informação e da comunicação à prática pedagógica. "Tenho uma média mensal de 200 visitantes, entre educadores, formados ou em formação, de várias regiões do País, além de um número significativo de educadores de Portugal que visita regularmente o blog", revela. Hoje, o Lousa Digital tem sido referenciado - linkado - em blogs como o do
YahooEducação, Intermezzo, Indústrias Culturais (Portugal), e-Cuaderno (Espanha), entre outros.
Sônia é professora de Língua Portuguesa. Ela trabalhou mais de 30 anos com alunos do Ensino Médio, além de lecionar Literatura para alunos do curso de Letras. Hoje, atua na formação de professores para o uso de novas tecnologias, sendo formadora do CENPEC - Centro de Pesquisa, Educação e Cultura. Ela também coordena a Comunidade Virtual "Coisas Boas da Minha Terra", projeto que conta com a parceria da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, envolve todas as Diretorias de Ensino e contempla cerca de 890 escolas da rede pública estadual.
http://caicmariano.blogdrive.com/
REPORTAGEM: BLOGS COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA
fonte:
http://www.ead.sp.senac.br/newsletter/agosto05/destaque/destaque.htm

Tecnologias Pedagogias e Didáticas no uso de Tecnologias aplicadas à Educação: caminhos e (des)caminhos.

No Brasil, falar em informática, sobretudo informática aplicada à educação, pode parecer uma utopia para maioria da população, que sobrevive com dificuldades e, também parece ser a situação das escolas públicas, que não recebem investimentos do governo para modernização e melhoria da qualidade de ensino. Será que temos que esperar a chegada primeiro das carteiras? Porém, as novas tecnologias já fazem parte da vida dos alunos, seja na TV, no cinema, nos jogos eletrônicos, no trabalho, no banco, enfim, em todos os lugares e de alguma forma e, portanto, a Educação não deve e nem pode desprezar esse dado de realidade, nem "fazer de conta" que ela não existe na vida dos alunos. E, se levarmos em consideração que esses mesmos alunos hoje, serão profissionais no futuro, em uma sociedade ainda muito mais informatizada, se faz imprescindível que a escola não a ignore. A instituição escolar tem como função formar os indivíduos de maneira a tornarem-se cada vez mais agentes sociais criativos e dinâmicos, participantes das transformações do seu tempo. A rapidez da evolução científica e tecnológica do mundo é apreendida pelas crianças e adolescentes, direta ou indiretamente, através dos meios de comunicação, independente de sua classe social ou situação sócio-cultural. Tal fato faz com que algumas vezes a escola pareça parada no tempo ou voltada para o passado, enquanto seus alunos vivem intensamente o presente e vislumbram no futuro novas exigências, possibilidades e necessidades às quais a Escola parece não ter condições de atender. A tecnologia computacional, por natureza, não é nem emancipatória nem opressiva. Ela esta incorporada no contexto econômico e social que determina suas aplicações. Estes, por sua vez, devem ser cuidadosamente estudados para assegurar que as aplicações de computadores preservem e desenvolvam valores humanos em lugar de deteriorá-los.
A escola não pode ignorar o volume de informação proporcionado pelos meios audiovisuais, já que praticamente, os saberes cotidianos socialmente significativos formam parte do contexto sociocultural do aluno na compreensão de sua realidade. As mudanças culturais e de pensamento estão presentes e modificam a ação cotidiana em sala de aula, pois, a nova geração do final do milênio e do atual, desenvolveu capacidades perceptivas e é capaz de processar muito mais informações do que as gerações precedentes, ainda que de forma diferente, de uma forma que privilegia uma grande variedade de estímulos informativos, enquanto que na sala de aula o que é privilegiado é ainda a linguagem verbal e a escrita. O problema não está no fato de existir um laboratório de informática, e sim na forma e na finalidade com que ele está sendo utilizado. A idéia de que bastava colocar o aluno em contato com o computador e todos os problemas de aprendizagem desse aluno desapareceriam não se concretizou. Em alguns casos percebe-se uma certa insatisfação e frustração, tanto da direção e dos professores quanto dos próprios alunos. As escolas não estão encontrando formas de reverter essa situação. Como na maioria das vezes acontece em educação, frente à frustração procura-se recorrer à substituição dessa tecnologia por outra mais recente, na qual novamente irão ser depositadas todas as esperanças. De nada adianta o saudosismo. Mudaram os tempos e as necessidades. É imperioso mudar a escola e todos nós somos sujeitos dessa mudança. Como dizia Paulo Freire, temos de ser homens e mulheres de nosso tempo e empregar todos os recursos disponíveis para promover a grande mudança que nossa escola está a exigir. Não podemos ser omissos. A neutralidade representa a aceitação da situação atual, a conivência com o que já está posto. O processo de integração de computadores e outros instrumentos tecnológicos na escola, pode e deve ser compreendido como um processo de inovação, e como tal, tem que atender a um grande número de fatores e componentes para o desenvolvimento da mudança e melhora que a educação persegue. Isto precisa necessariamente ser feito pela integração curricular que afeta fundamentalmente a três campos mutuamente implicados: o desenvolvimento profissional do professor; o desenvolvimento organizacional da escola e a reorganização do próprio currículo. E, um dos fatores fundamentais para as necessidades apontadas é que essas tecnologias pressupõem um saber apoiado não em conhecimentos teóricos adquiridos mecanicamente, mas em modelos mentais flexíveis da realidade, capazes de evoluir em sucessivas e crescentes formalizações. Em meio ao cenário tecnológico em que se encontra o profissional docente, as atuais discussões e políticas públicas na área de informática na educação têm considerado o professor como um componente fundamental para o processo de introdução do computador no cotidiano do ensinar e aprender. Espera-se que ele, na sala de aula, promova a interação entre a informática e a sua disciplina e, por meio dessa interação, proporcione aos alunos o acesso às novas informações, experiências e aprendizagens de modo que aprendam efetivamente, sejam críticos diante das informações e do conhecimento promovido por meio da tecnologia. Diante dessas demandas surgidas como fica o professor? Como ele se sente diante da necessidade de aprender a trabalhar com um elemento que não fez parte de sua formação acadêmica e nem tão pouco de sua geração? Quais os seus sentimentos? Quais são suas preocupações? Assim sendo, é importante que em um processo de formação em informática na educação o professor seja concebido não apenas como um profissional, mas como uma pessoa que tem sentimentos e reações diversas diante do computador.Pouco se faz, na prática, com os professores para mostrar quais seriam os caminhos mais produtivos para o uso da tecnologia no processo educativo. Com isso, vem à tona uma questão que deve ser criteriosamente refletida por todos nós educadores e que diz respeito à forma como esses recursos têm sido utilizados.Livros, computadores, internet, laboratórios, quadras, aulas de arte, visitas a exposições, contato freqüente com filmes e tantos outros recursos disponíveis nas boas escolas particulares realizam um verdadeiro "upgrade" em seus alunos. Em contrapartida, a rede pública, apesar de todos os esforços, continua tendo enormes dificuldades para promover uma aprendizagem plena e uma total inserção de um enorme contingente de estudantes à cidadania e ao mercado de trabalho. O uso pedagógico da informática na educação requer muito mais que bons projetos. A finalidade real é a de propiciar um ensino inovador. E pode contribuir para esse fim se não for convertida em uma finalidade por si mesma, atendendo meramente a expectativas de mercado e sim, como conseqüência de decisões tomadas a partir de uma determinada maneira de conceber e levar a termo uma prática de ensino. Mesmo em meio às inúmeras dificuldades das quais todos nós temos plena consciência, esse cenário, por vezes pouco animador, acaba abrindo espaços para iniciativas criativas e bem sucedidas.
Reiterando: A questão básica para os professores da atualidade é: com que finalidade deve ser utilizada a tecnologia?
Finalidades pedagógicas: meios de ensino, ações educativas.
Finalidades educacionais: enriquecimento dos indivíduos, orientação de costumes sociais.
Finalidades culturais: implementar o conhecimento global dos seres humanos.
Finalidades científicas: meio de conhecimento dos avanços alcançados.
Profª. MS. Vera Lúcia Camara Zacharias http://www.centrorefeducacional.com.br/pedidati.htm